O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região reconheceu a responsabilidade da Ambev pelo adoecimento de um trabalhador submetido a jornadas exaustivas, acúmulo de funções e pressão constante. A empresa foi condenada a pagar R$ 100 mil por danos morais a um ex-coordenador diagnosticado com transtorno de ajustamento e síndrome de burnout.
Para nós, esta decisão escancara o que temos denunciado há anos: a lógica de gestão que adoece, explora e descarta os trabalhadores em nome do lucro.
Coordenação, supervisão e pressão sem limites
Segundo o processo, após ser promovido a coordenador, o trabalhador passou a exercer também funções de supervisão e a responder por três turnos de produção, além de gerenciar processos de manutenção e desempenho da linha. O acúmulo de responsabilidades, aliado à ausência de suporte da empresa, levou ao colapso físico e emocional do profissional.
A Ambev tentou se isentar da culpa, negando o vínculo entre o ambiente de trabalho e a doença. Mas os fatos, os depoimentos e o laudo pericial falaram mais alto.
Adoecer trabalhando não pode ser normalizado
O relator, desembargador Edison dos Santos Pelegrini, foi claro: houve negligência da empresa em adotar medidas mínimas de proteção à saúde dos seus trabalhadores, tanto físicas quanto psicológicas. Em suas palavras:
“O empregador, ao enriquecer-se às custas da força e da saúde alheia, tem obrigação legal de minimizar os riscos por meio da estrita obediência às normas de saúde […] o que não restou provado nos autos.”
O magistrado ainda destacou que empresas devem se responsabilizar pelos impactos das funções que impõem, respeitando inclusive os limites psicológicos individuais — algo completamente ignorado nesse caso.
Nosso alerta: isso não é um caso isolado
Este julgamento é uma vitória importante para a luta dos trabalhadores e confirma o que vemos em tantas categorias: o adoecimento mental é uma epidemia silenciosa impulsionada por metas abusivas, jornadas intermináveis e a precarização das relações de trabalho.
A Ambev foi condenada, mas quantos outros adoecem em silêncio, sem voz, sem apoio e sem justiça?
O que o sindicato defende:
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Ambientes de trabalho saudáveis e humanizados;
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Fim da sobrecarga e do acúmulo de funções sem compensação;
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Respeito à saúde mental dos trabalhadores;
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Responsabilização de empresas que exploram e adoecem.
Nos solidarizamos com o trabalhador e reafirmamos: adoecer não é fraqueza — é consequência da exploração. A luta por condições dignas de trabalho continua.
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